sábado, 4 de outubro de 2008

soL *

    

O sol, como quem transborda, queima em um calor ansioso. Tudo no corpo se agita. Vibra buscando a sombra, onde o alívio poderá fazer do abrigo a paz procurada. E a gota, que do corpo escorre, oscila durante a queda e deixa rastro por onde passa. Na procura por algum local onde possa se esconder da terrível sensação de estar em brasa, todos os tormentos humanos se firmam na mente confusa, agora, longe do corpo vermelho. A vista alcança um momento de paz – devaneio. Mas era real. A busca havia terminado. Loucas, as sensações tomavam aquele inquieto corpo, e em nenhum momento o deixavam escapar. Ao alcançar o desejo, então concretizado, se entregou ao vento, ao mundo. Esperou tanto pelo cais, e, finalmente, aportou. Estático, o corpo, que antes era fervor, ferocidade, agilidade, vida, agora, compartilha do alívio. Reticências e calmaria. Um mar inundando o deserto. De repente, tanto mar. E o corpo novamente em líquido, transbordando fulgor. De novo, agonias. O esquecimento de si mesma era agora o único desejo. Só assim, a mente não se ligaria ao corpo, tão traiçoeiro.

Um comentário:

Anônimo disse...

como faz pra esquecer de nós mesmos.
?