segunda-feira, 6 de outubro de 2008

.DesastreSafora.

Desesperada, correra tanto e nada encontrara. Nunca havia encontrado o que queria. Pôs as mãos no lugar onde parecia bater um coração, e ao encostar, quase o tirou de lá. A vontade era essa... O que fazer com algo que só traz infelicidade? Ela, que fora tão trágica durante toda sua vida, não tinha mais cabeça para ter um coração. Era assim, o drama que transformara sua vida em um filme solitário.


 

Afinal, o mundo tem lugar para os que amam sozinhos?


 

Era uma pergunta que ela se fazia constantemente ... Não, nunca obtivera resposta. Pois tudo sempre fora tão incompleto, que jamais conseguiu dispor de tempo para observar. Sua vida, cheia de desastres amorosos, impossibilitava de ter prazeres mais profundos. Ou, até mesmo, aquele momento em que pensamos ''as borboletas chegaram''.


 

As borboletas ... ela nunca as conhecera.


 

Que falta de cores. Até o vinho já está cansado de abrigar suas dores, amargo de tanta angústia.


 

Encontros e desastres

... e ela nunca foi além disso.

sábado, 4 de outubro de 2008

soL *

    

O sol, como quem transborda, queima em um calor ansioso. Tudo no corpo se agita. Vibra buscando a sombra, onde o alívio poderá fazer do abrigo a paz procurada. E a gota, que do corpo escorre, oscila durante a queda e deixa rastro por onde passa. Na procura por algum local onde possa se esconder da terrível sensação de estar em brasa, todos os tormentos humanos se firmam na mente confusa, agora, longe do corpo vermelho. A vista alcança um momento de paz – devaneio. Mas era real. A busca havia terminado. Loucas, as sensações tomavam aquele inquieto corpo, e em nenhum momento o deixavam escapar. Ao alcançar o desejo, então concretizado, se entregou ao vento, ao mundo. Esperou tanto pelo cais, e, finalmente, aportou. Estático, o corpo, que antes era fervor, ferocidade, agilidade, vida, agora, compartilha do alívio. Reticências e calmaria. Um mar inundando o deserto. De repente, tanto mar. E o corpo novamente em líquido, transbordando fulgor. De novo, agonias. O esquecimento de si mesma era agora o único desejo. Só assim, a mente não se ligaria ao corpo, tão traiçoeiro.

sábado, 13 de setembro de 2008

Flor.escendo

Oscilando ardentemente entre ferocidades e desejos

Os ventos trazem a desordem, recebo-a

Sou a desordem

Desfaço-me em vontades intermináveis,

Sublimo

Ao ouvido, sussurro – ''tatuagem''

Lembrando Chico, vivendo Chico

. . .

Que louca, que louca

- de tanto sumo, a fruta transborda

Em intensidade, se come

O sabor que sacia a avidez.

Que louca, que louca

.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

asAsas

Asas.

Por onde andam as minhas?

Aquelas, que emprestei a ti.

Logo precisarei de maiores.

Conto-te um segredo – é necessário reaprender a voar.

Primeiramente, enxergar.

Conto mais um – desejo não enxergar as distâncias.

Pois a sensação que busco, nasce da quebra de limites.

Liberdade.

Efêmera. Fugaz.

Poderei usar quantas palavras quiser,

Mas todas irão apagar-se tão rápido quanto meu rastro.

Pois são tão fugitivas quanto eu...

Eu,

Que nunca soube o que é o sólido.

Escorro por entre os dedos,

Até quando desejo.

Escapo-me.


segunda-feira, 9 de junho de 2008

.dentro de.




Sublimar-me-ei em cores

Sussurrarei todo o arco-íris.

Respirar-te-ei – prenderei você dentro de mim.

Transpirar-te-ei em sensações.

Ondulo em todos os sons.

Danço em todos os tons.

Como quem rouba, fugirei – para dentro de você.

Tu me receberás como ninguém nunca ousou.

E eu te sentirei como ninguém nunca deixou.

domingo, 1 de junho de 2008

.Tantas vontades.


" Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar. "

Caio Fernando Abreu

segunda-feira, 26 de maio de 2008

.ciranda.



Segura na mão, a roda girou. Dança, menina, que a vida não se cansa de te olhar. Encanta, menina, que a ciranda não deixa de te cantar. Apressa, pequenina, mas não tropeça no ar. Levanta, pequenina, que o passo não pode parar. Acerta o tom, menina, que música está a tocar. Deixa a pressa tropeçar no ar, pequenina... que a catinga não deixa de te esperar.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

depois os humanos.

"As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim,
mas,
para mim,
está muito claro que o dia se funde através de uma multidão
de matizes e entonações, a cada momento que passa.
Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes.
Amarelos céreos,
azuis borrifados de nuvens.
Escuridões enevoadas.

No meu ramo de atividade, faço questão de notá-los."

...
um céu tão lindo.
e meu dia tão blue.